A Boeing, o maior fabricante aeroespacial do mundo, reconheceu que lhe inquieta o fato de a China estar fabricando aviões comerciais, disse ontem à Agência Efe na cidade americana de Seattle o vice-presidente de vendas da Boeing para América Latina, Caribe e África, Van Rex Gallard.
"Se digo que não nos importa e que não temos medo deles, seria incorreto. Prefiro dizer que estamos vendo o que está acontecendo, mas continuamos inovando e melhorando nossos produtos. Não ficamos parados", admitiu Gallard, durante uma visita da Efe à fábrica de Renton, em Seattle (Washington).
No dia 2 de novembro o gigante asiático apresentou a primeira unidade, recém saída de fábrica, de seu primeiro avião comercial, o C919, que quer competir com Boeing e Airbus e que será lançado no mercado entre 2019 e 2020.
"É preciso estar sempre vigilante, embora nós estejamos muito orgulhosos de nossos produtos e das relações sólidas de muitos anos que temos com nossas companhias aéreas ao redor do mundo", disse o diretor.
Prova dessas inovações é o avião modelo 737 MAX, que entrará em serviço no final de 2017, terá um novo motor e consumirá 14% menos combustível, o que lhe permitirá ter uma autonomia de voo de mais de 6.500 quilômetros.
Segundo as previsões de Boeing, o mundo vai precisar até 2034 de cerca de 38 mil novos aviões, dos quais 70% serão de um só corredor, ou seja, aeronaves com autonomia de até 6.000 quilômetros usados principalmente em viagens intracontinentais.
A Ásia será o continente que mais aeronaves vai precisar, cerca de 14.300, seguida da América do Norte (7.800), Europa (7.300) e Oriente Médio (3.180).
A região latino-americana, que vai ser um dos mercados que mais vai crescer, necessitará de cerca de 3.000 aviões, dos quais o fabricante aeroespacial espera substituir no "mínimo 1.500", confirmou Gallard.
"A América Latina é um mercado muito importante porque significa principalmente diversificação", explicou o executivo.
A irrupção das classes médias e o aumento do comércio entre países da região explicam a taxa de crescimento de 6% que o tráfego de passageiros experimentará na América Latina nas próximas duas décadas, "uma das taxas mais altas do mundo", acrescentou o vice-presidente da Boeing.
Os desafios da aviação mundial passam por "abrir os céus" e aumentar a conectividade, na opinião de Gallard, e por conseguir que as companhias aéreas possam continuar vivendo de maneira "sustentável".
"Muitas regiões castigam as companhias aéreas com impostos, não as ajudam a crescer, não reconhecem que são muito importantes para o crescimento das regiões", denunciou.
Etiópia e Panamá, segundo o executivo, são dois "bons exemplos" do que de "bom" pode acontecer na relação entre os governos e as companhias aéreas.
"O Panamá se transformou nos últimos anos em um hub das Américas graças a sua posição geográfica e a sua alta conectividade, e também graças ao crescimento da companhia aérea panamenha Copa", acrescentou Gallard, que amanhã receberá seu avião de número 100 e que na atualidade voa para mais de 70 destinos em 31 países diferentes.
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