A LATAM Airlines Group, criada em 2012 pela fusão da chilena LAN Airlines e a brasileira TAM, está passando por um período conturbado. Sua perda líquida no primeiros nove meses de 2015 chegam a US$ 200 milhões, o que levou a LATAM a embarcar num plano de reestruturação do seu plano de frota para o período de 2016-2018 afim de salvar quase US$ 3 bilhões, adiando a entrega de novas aeronaves e a vendendo algumas. Seus compromissos de frota futura para os próximos três anos foram reduzidos 40%.
Antes da fusão com a TAM, na qual a LAN adquiriu a maior companhia aérea brasileira através de uma troca de ações no valor aproximado de US$3,5 bilhões, a LAN tinha um sucesso financeiro estável, apesar da crise global de 2008-2009 e do grande terremoto no Chile em 2010. O Brasil, na época, estava numa grande onda de crescimento, e agora está afundando juntamente com nossa moeda, o Real, que está colapsada. A fusão com a TAM e a criação da LATAM significaram que a LAN se tornou exposta ao Brasil e seu mercado, para o melhor e para o pior. Infelizmente, nos últimos tempos para pior.
Semana passada, no Forum da ALTA (Latin American and Caribbean Air Transport Association - Associação dos Transportadores Aéreos do Caribe e América Latina), em San Juan, Porto Rico, o CEO da LAN Ignacio Cueto disse que o Brasil está no meio de uma "longa e profunda crise", e acrescentou, "em três anos, eu digo como sobrevivemos a isso."
Cueto foi questionado, nas entrelinhas, se ele se arrepende de a LAN ter adquirido a TAM. "Quantas coisas na vida você não mudaria se você pudesse voltar atrás na vida?" e ele rapidamente respondeu, gerando uma grande gargalhada pela audiência da conferência da ALTA. E, então respondeu com seriedade o que estava nas entrelinhas: "Com certeza, isso é algo que eu não voltaria atrás" disse ele. "A questão correta seria: Valeu a pena entrar no mercado brasileiro? Absolutamente."
Ele explicou que a LAN, que antes de se fundir com a TAM, tinha afiliadas na Argentina, Equador, Peru e Colômbia, queria criar uma companhia aérea pan-continental que se tornaria a companhia aérea de assinatura da América do Sul. Como fazer isso se tornar realidade sem o Brasil?
Cueto disse que a LATAM está se mantendo "o mais otimista possível" através das atuais dificuldades. "Tempos difíceis acontecem e você tem que superá-los," disse ele.
Em visita a sede da LAN em Santiago, em 2012, meses depois de a fusão da LAN e da TAM se concluir, a revista ATW escreveu uma reportagem de capa "O pulo da LAN". Segue um parágrafo:
"A forte impressão causada - após passar alguns dias na cidade e no aeroporto hub da LAN, sua base de manutenção e centro de treinamento de pilotos - é que nos primeiros meses de LATAM estão provando ser algo esmagador. "Nós podíamos ver apenas alguns números da TAM" antes que a fusão fosse oficialmente concluída em Junho, Pablo Querol, vice-presidente senior da LAN disse: "Agora somos forçados a voar para entendermos com a TAM trabalha e relacionar com a forma da LAN trabalhar. Os benefícios da junção das duas redes, as sinergias esperadas, estarão todas lá. Mas, antes, precisamos terminar a pesquisa em como combinar as redes da LAN e da TAM... Só agora que podemos ver os números das duas companhias, nós poderemos determinar exatamente que precisamos para alcançar essas sinergias."
O ponto que quero chegar, com esse parágrafo acima, é que mesmo antes da atual crise no brasil, nem tudo eram flores na fusão. A LAN realmente "pulou" dentro disso sem antes entender por completo a TAM.
De fato, no Fórum de Lideranças da ALTA em Cancun em 2013, Enrique Cueto sofreu problemas de integração cultural, o que o levou a "empurrar para fora" da equipe de gerenciamento quem não tinha comprado a ideia da fusão. "Tem gente que não aceita a mudança, então você deve substituí-los," disse.
Para ser honesto com a LATAM, todas as companhias da América Latina estão sofrendo agora. "A fragilidade econômica não poupou ninguém," disse o CEO da Copa Airlines, Pedro Heilbron, também em Porto Rico. mas as empresas brasileiras TAM e GOL parecem, de longe, estar sofrendo mais. Copa e Avianca, as maiores rivais da LATAM na América Latina, estão se mantendo lucrativas.
Estaria a LAN melhor sem a TAM? No curto prazo, inegavelmente, SIM. Mas a criação da LATAM é uma aposta no futuro a longo prazo da aviação comercial latino-americana, sobre a qual Heilbron, os Cuetos, e além de outros, Airbus e Boeing, continuam muito otimistas.
A LAN acredita que a atual tempestade vai passar e, com a chegada dos anos 2020 e em diante, a LATAM terá uma rede imbatível na região. E, como Querol disse em 2012: "Você não tem nenhuma outra companhia aérea no mundo que tem essa posição continental que temos na América do Sul. Você não encontra nenhuma outra companhia aérea em nenhum continente que possa oferecer as conexões que nós podemos para todas as partes do mundo."
Então não, se arrependimento matasse... os Cuetos estariam e estão muito vivos, isso sim!!!
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