quarta-feira, 25 de novembro de 2015

HNA Group compra 23,7% da Azul Linhas Aéreas

O chinês HNA Group assinou acordo para se tornar acionista da Azul Linhas Aéreas Brasileiras por meio de investimento de R$ 1,7 bilhão por fatia de 23,7% do valor econômico da companhia aérea, obtendo direito a assento no Conselho de Administração da empresa.

O investimento avalia a empresa em mais de R$ 7 bilhões e, de acordo com a Azul, a torna a aérea mais valiosa do mercado brasileiro.

"Esse investimento trará importantes benefícios para a Azul em vários aspectos, tais como: fortalecimento do caixa; continuidade do plano de renovação de frota; melhoria de produtos e serviços para nossos clientes; além de amortização de dívidas", disse a empresa em comunicado ontem.

De acordo com o fundador da Azul, David Neeleman, o acordo pode fazer com que a empresa aérea brasileira entre no mercado asiático por meio de acordos de interline e de compartilhamento de voos.

De acordo com o BTG Pactual, o investimento de 1,7 bilhão de reais do grupo chinês HNA Group na Azul Linhas Aéreas, é negativo do ponto de vista competitivo para outras companhias aéreas brasileiras, uma vez que aliviará pressões para que a terceira maior empresa do setor no país corte capacidade em um ambiente de baixa lucratividade.

Apesar de uma ligeira alta nas receitas unitárias das companhias aéreas no Brasil no terceiro trimestre ante os três meses anteriores, o ambiente de lucratividade das empresas continua muito fraco, disse o banco. Esse cenário tem sido causado pela menor demanda, com a recessão da economia, e pela alta de custos devido ao impacto da elevação do dólar no preço do querosene de aviação.

"Dadas as perspectivas de um PIB fraco em 2016, os ajustes têm que vir pela racionalização da oferta (tanto a TAM quanto a Gol já começaram a fazer isso)", disseram os analistas do banco Renato Mimica e Samuel Alves em relatório.

No entanto, o fortalecimento do balanço da Azul deve aliviar pressões para que a companhia faça o mesmo que as rivais, piorando o ambiente concorrencial, apesar do acordo com o HNA ser mais uma prova do interesse internacional no setor.

Em agosto, o presidente da Gol, Paulo Kakinoff, disse que não faria sentido Gol e Latam, que engloba TAM e LAN, continuarem reduzindo a oferta sem que houvesse o mesmo comportamento dos demais competidores. A aérea previu diminuição de até 1 por cento na oferta doméstica em 2015, realizou ajustes na malha e anunciou redução de frota.

Em contrapartida, o presidente da Azul, Antonoaldo Neves, disse em outubro que a empresa estava com frota estável, sem ter feito diminuições ainda, embora tivesse previsão de crescer. A Azul deve ter crescimento de pouco menos de 4 por cento na oferta neste ano, embora tenha capacidade em aeronaves para crescer 15 por cento.

Como ponto positivo do negócio com o HNA para o setor, o BTG ressaltou que acordos recentes avaliaram as empresas com prêmio significativo em relação ao preço de suas ações, provando que as aéreas da América Latina têm significativo valor estratégico. O banco citou aporte da United Airlines, do grupo United Continental, na Azul e acordo da Delta Airlines com a Gol mais cedo neste ano, entre outros.

"Vemos empresas como a Avianca Holdings e a Latam Airlines como outras potenciais candidatas a investimentos estratégicos, dada sua forte posição na região e níveis de preço defensavelmente deprimidos", afirmaram os analistas do banco.

IPO da Azul

O acordo com a HNA dá mais tempo para o IPO (oferta inicial de ações) da Azul, segundo o presidente-executivo da companhia brasileira, Antonoaldo Neves. "Não estávamos com pressão pelo IPO, mas agora isso nos dá um prazo ainda maior", disse Neves à agência Reuters.

Terceira maior empresa do setor aéreo no Brasil, a Azul desistiu em junho pela terceira vez de seu planejado IPO devido às condições adversas do mercado de capitais, pouco antes de receber um aporte de US$ 100 milhões da norte-americana United Airlines, do grupo United Continental.

Segundo Neves, a transação anunciada nesta terça-feira também permitirá que a Azul tenha ganhos de sinergia com compra, leasing, manutenção e seguros de aeronaves, dado que o HNA é um conglomerado com atuação expressiva no financiamento de aeronaves.

O presidente da Azul explicou ainda que o acordo não muda a estrutura de controle da companhia, já que a entrada do HNA se deu por meio de ações preferenciais. O fundador da Azul, David Neeleman, segue com 67% das ações ordinárias da empresa.

O HNA Group é um conglomerado que opera nos setores de aviação, indústria, turismo, logística e financeiro, com atuação expressiva no financiamento de aeronaves.

O acordo com o grupo chinês ocorre após a norte-americana United Airlines, do grupo United Continental, ter anunciado em junho deste ano a compra de 5% da Azul por US$ 100 milhões, e depois de consórcio liderado por Neeleman vencer a disputa pela compra de 61% da ex-estatal portuguesa TAP, o que deve ajudar a aérea brasileira a ganhar capilaridade.

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