A atual diretora-executiva da General Motors para Argentina, Paraguai e Uruguai, Isela Costantini, foi indicada, nesta segunda-feira, para a presidência da Aerolíneas Argentinas no governo recém-eleito de Mauricio Macri.
A companhia foi estatizada em 2008 na presidência de Cristina Kirchner.
O maior desafio para a companhia aérea é reduzir um déficit estimado em quase um milhão de dólares por dia, de acordo com um relatório da Associação Argentina de Orçamento e Administração Financeira Pública.
Nascida em São Paulo, de pais argentinos, essa executiva de 44 anos se soma a uma nova equipe de governo que acompanhará a gestão do liberal de direita Macri. O presidente assume em 10 de dezembro.
Assim como grande parte do gabinete de Macri, Costantini vem do mundo empresarial depois de uma licenciatura em Comunicação na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e de um MBA na Universidade de Loyola, nos Estados Unidos.
Em 2013, Isela Costantini foi incluída na lista das 50 mulheres mais poderosas do mundo dos negócios, segundo a revista "Fortune".
Costantini substitui o advogado trabalhista e professor Mariano Recalde, de 43 anos, designado pela presidente em final de mandato, Cristina Kirchner. Recalde assumiu o cargo em julho de 2009.
A Aerolíneas Argentinas foi privatizada em 1990, mas voltou para as mãos do Estado argentino em 2008, quando foi expropriada da espanhola Marsans, junto com a filial doméstica Austral, com uma dívida de quase 890 milhões de dólares.
A brasileira-argentina terá um grande desafio pela frente. Ao trabalhar com eficiência, custos ajustados e investimentos na GM, Isela terá de lidar com uma situação adversa, uma vez que o patrimônio da companhia aérea se limita a alguns prédios, sistemas informáticos e simuladores.
A Aerolíneas voa com frota alugada em quase sua totalidade, assegurando apenas a posse de dois jatos próprios, enquanto a Austral, sua companhia subsidiária, tem dois aviões na garagem e outros 20 que estão prestes a chegar.
Isela sequer iniciou as atividades na transportadora, mas já tem dores de cabeça para resolver. Segundo aponta o folhetim, a ação operacional da Aerolíneas é problemática. Para colocar as contas em dia, o govero argentino terá de investir o equivalente a US$ 550 milhões. Desde sua estatização, ambas as aéreas recebem do Estado investimentos de cerca de US$ 5 milhões.
Outro desafio a ser cumprido é o pessoal, uma vez que Aerolíneas e Austral dividem seus profissionais em seis corporações: APA (terrestre), APTA (técnicos), AAA (aeronavegante), UPSA (hierárquico), APTA (pilotos de Aerolíneas) e UALA (pilotos da Austral).
E, por falar em Aerolíneas Argentinas, a companhia aérea pagou 35 mil diárias, desde 2008, no Alto Calafate, o maior hotel da rede que pertence à presidente Cristina Kirchner.
A empresa gastou cerca de US$ 2,5 milhões em quartos para sua tripulação no estabelecimento de luxo.
A informação veio à tona enquanto autoridades judiciais argentinas investigam a cadeia de hotéis Hotesur, da família Kirchner, por denúncias de lavagem de dinheiro.
O jornal local "Clarín", que faz oposição ao kirchnerismo, destacou que seis funcionários da companhia teriam que ter dormido durante os sete dias da semana por 15 anos para atingir o valor gasto no local em pouco mais de seis anos. A investigação apontou que houve dias em que a empresa contratou 20 quartos para seis empregados.
"A menos que a tripulação da Aerolíneas seja formada por seres humanos capazes de dormir em dois ou mais quartos ao mesmo tempo, uma regra que romperia com os princípios básicos da física e da biologia, essa hipótese é impossível", ironizou o "Clarín".
Além disso, algumas faturas mostram vários dias de uso contínuo de seus serviços, como se os voos tivessem retornado a Buenos Aires deixando sua tripulação no local.
A empresa área informou à Justiça que o hotel foi escolhido em concurso "por ser a oferta mais conveniente" e que é altamente recomendado por seus pilotos e tripulação.
Um dos hotéis que competia no concurso chegou a ser dispensado porque não tinha piscina, outro por ter sido considerado muito barulhento.
O ex-presidente Néstor Kirchner comprou o Alto Calafate em 2008, pouco antes da estatização da Aerolineas.
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