A Boeing entregou nesta semana o último C-17 Globemaster III, aeronave militar de transporte pesado e capaz de operar em condições impensáveis para um modelo deste porte. A produção do modelo de carga foi encerrada em definitivo e ainda não há a previsão para um substituto.
O último cargueiro militar foi adquirido pela Força Aérea do Qatar, que já contava com outras três unidades da aeronave. As primeiras células do C-17 foram produzidas em 1991 e quatro anos depois os modelo entrou em operação nos Estados Unidos, que possui atualmente uma impressionante frota com 223 Globemaster.
A aposentaria precoce do cargueiro pesado, uma das aeronaves mais avançadas da atualidade, não foi explicada pela Boeing, mas certamente é decorrente da decisão dos EUA em não ampliar sua frota e surgimento de poucos pedidos do exterior. O Globemaster é um dos aviões mais caros do mundo: cada unidade é avaliada em cerca de US$ 328 milhões.
Além de EUA e Qatar, o cargueiro da Boeing também serve às forças aéreas da Austrália, Canadá, Kuwait, Emirados Árabes Unidos e Reino Unido. O país que desejar uma dessas aeronaves agora terá de se contentar com aparelhos usados, isso se algumas das nações que o utilizam decidirem por se desfazer de seus aparelhos.
“Este é realmente o fim de uma era. É um dia triste, mas que é motivo de orgulho para todos os funcionários e fornecedores da Boeing que trabalharam ao longo dos anos construindo esta grande aeronave “, disse Nan Bouchard, vice-presidente do programa C-17 da Boeing.
“Nosso trabalho em equipe e dedicação e profissionalismo criou uma das maiores aeronaves de transporte aéreo do mundo, um avião que está na vanguarda para a prestação de ajuda humanitária e mudou a forma como a Força Aérea dos Estados Unidos e nossos parceiros internacionais mobilizam operações e suporte aeromédico “, completou Bouchard.
O desenvolvimento do C-17 Globemaster foi um dos mais complexos da história da aviação, daí o motivo de seu preço assombroso. A aeronave surgiu devido a mudança no padrão de operações militares dos EUA no início dos anos 1980, quando uma série de bases em outros países foram desativadas, reduzindo a capacidade norte-americana de mobilização imediata.
O cargueiro militar da Boeing foi desenvolvido para literalmente transportar bases inteiras para zonas de conflito, não importa a distância ou o local. O Globemaster pode viajar por mais de 10.000 km com reabastecimento aéreo e tem capacidade para transportar 75 toneladas de carga. A maior virtude do C-17, porém, é sua capacidade de operar em pistas semipreparadas ou até de terra, o que proporciona um dos maiores espetáculos da aviação.
Um Globemaster com carga completa (75 toneladas de carga mais 100 toneladas de combutível) pode decolar pesando até 263 toneladas, mais do que um Boeing 777. A configuração das asas para operações a baixa altitude e decolagens curtas, contudo, limitou a velocidade máxima da aeronave, que atinge apenas 650 km/h, mesmo com a força de quatro motores extremamente potentes.
O Globemaster pode carregar um tanque de guerra pesado, como o modelo norte-americano M1 Abrams, três helicópteros AH-64 Apache ou quase 80 toneladas em equipamentos. O avião também pode ser configurado para transportar 150 passageiros ou 102 paraquedistas armados.
Com a entrega do último modelo ao Qatar, a Boeing produziu um total de 259 unidades do C-17 Globemaster, que é atualmente o maior avião militar de carga em operação no mundo.
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