O tempo está se esgotando para o icônico Boeing 747. O jato que um dia já foi chamado de “Rainha dos Céus”, está caminhando para um possível fim da linha devido a falta de pedidos. A fabricante norte-americana tem encomendas para seguir produzindo a aeronave até somente 2017. Após isso, se nenhuma unidade for vendida, a Boeing terá de tomar providências em relação ao seu produto mais famoso e que já foi tão importante para a aviação de longo curso.
O célebre Jumbo vem perdendo espaço no cenário atual da aviação, que vem preferindo aeronaves bimotores, como o Boeing 777 ou o Airbus A350. Essas aviões podem cobrir praticamente a mesma distância de voo do 747 consumindo menos combustível e atingindo melhores índices de ocupação, pois têm cabines menores.
Devido a queda nas vendas, a Boeing vem reduzindo sistematicamente o ritmo de produção do 747. Neste ano, por exemplo, foram vendidos apenas dois aparelhos e outros 18 foram entregues – A partir de março de 2016, a fabricante confirmou que vai montar apenas um 747 por mês.
Esse resultado recente nem de longe lembra o desempenho das décadas de 1980 e 1990, quando a empresa acumulava dezenas ou até centenas de pedidos pelo jato – em 1990, o melhor ano do Jumbo, a Boeing recebeu 122 pedidos e entregou 70 unidades da aeronave.
Ironicamente, os dois Jumbos vendidos neste ano (ambos modelos de carga) foram bancados pela própria Boeing, que em seguida os alugou a companhia russa AirBridgeCargo Airlines
O 747-800, versão mais recente da série, apesar dos avanços não vem conseguindo uma boa clientela. Em quatro anos, a Boeing vendeu apenas 121 jatos. A versão anterior, o 747-400, superou as 700 unidades entregues, em versões de passageiro e de carga.
Falando em carga, esse é o segmento que está mantendo o Jumbo vivo. A maioria dos pedidos pela geração mais recente do modelo é para a versão de cargueira, que pode transportar 100 toneladas de cargas em um único voo. O principal interessado no Jumbo cargueiro é justamente a AirBridgeCargo Airlines, que se comprometeu a comprar até 18 modelos 747-800 até 2022. No entanto, não são “pedidos firmes”. Ou seja, ainda não foram pagos.
O interesse da empresa russa, porém, é visto com certa cautela pela Boeing. Assim como o Brasil, a Rússia também está enfrentando uma dura crise econômica que já resultou na desvalorização de 60% do rublo, a moeda local. Com essas condições, a promessa da empresa poderá ser um tanto desafiadora de se cumprir, já que cada Jumbo custa US$ 380 milhões.
Até mesmo o governo dos EUA planeja substituir o 747 presidencial, o Air Force One, por uma aeronave menor e com menores custos de operação.
Pelas contas da Boeing, cerca de 250 modelos 747, a maioria versões de carga, caminham para a aposentadoria nos próximos 10 anos e precisão de substitutos com a mesma capacidade. “Enquanto existir a demanda, nós vamos continuar a construir o avião”, afirmou Randy Tinseth, vice-presidente da marketing da Boeing, ao site The National.
O Boeing 747 não é o único “gigante” que está enfrentando problemas para emplacar no mercado da aviação. O Airbus A380, maior avião de passageiros do mundo, não recebe uma encomenda desde 2014 e a versão de carga, o A380F, até hoje não teve nenhum interessado.
O ritmo de entrega do A380, por outro lado, está melhor que o do 747. A Airbus tem encomendas para pelo menos 10 anos de produção.
Atualmente, os únicos aviões equipados com quatro motores a jato são o Boeing 747, A380 e o Ilyushin Il-96, fabricado na Rússia. O A340, que foi um dos quadrirreatores de maior sucesso da aviação mundial, teve sua produção encerrada em 2011.
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terça-feira, 15 de dezembro de 2015
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