quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

"Os problemas da economia são temporários"

Poucos setores foram tão afetados pela crise quanto o da aviação. Com a alta do dólar e o pessimismo em relação ao futuro, muitos brasileiros adiaram ou reduziram o orçamento das viagens de férias. Mesmo assim, a companhia aérea holandesa KLM, que pertence ao grupo Air France-KLM, com receita de E 24,9 bilhões, vai colocar em operação na rota Rio de Janeiro-Amsterdã o maior avião de sua frota, o Boeing 787-900. O CEO mundial Pieter Elbers responde 10 questões:


O Brasil vive hoje uma das mais graves crises econômicas da sua história. Por que, mesmo assim, a companhia está investindo no País?

Claro que o País já esteve bem melhor, mas acho que a economia do Brasil ainda está indo bem. Os problemas da economia são temporários e o Brasil vai se recuperar. Se por um lado claramente está mais caro para os brasileiros viajarem à Europa, por outro lado fica relativamente barato para os nossos clientes europeus visitarem o País.


De que forma os resultados negativos da parceira brasileira GOL afeta as operações da KLM no País?

A GOL teve um grande prejuízo no terceiro trimestre deste ano e está sofrendo o impacto da queda no mercado doméstico brasileiro, mas é uma companhia criativa, vai saber lidar com as baixas.


Em momentos mais críticos este tipo de parceria corre algum risco?

Exatamente nesses momentos de crise que vemos como é importante ter um parceiro sólido, tanto para a GOL, como para nós. Tentamos dar o máximo de apoio para eles a fim de que a companhia supere essa crise.


De que forma vem este apoio?

Nós temos esses voos para o Rio de Janeiro, com ligação com São Paulo pela GOL, assim como conectamos os nossos clientes europeus aos aeroportos domésticos brasileiros também por meio de nosso parceiro.


A estratégia então está mais na parceria do que em novas ações?

Sim. Estamos investindo muito em cooperação, para uma melhor coletividade, garantindo que os nossos clientes terão um bom serviço no Brasil. Deixando nossos clientes cientes de que eles terão um produto muito bom quando chegarem ao País.


Há no horizonte da KLM planos de investir em aviação regional no Brasil?

Nossa atuação está focada agora em levar mais passageiros europeus para voar pelo Brasil.


A KLM tem outro importante parceiro no Brasil, a Embraer. Há planos de expansão nessa parceria?

Realmente é um importante parceiro. Acho que nós somos o principal cliente europeu da Embraer, com 77 aviões em nossa frota. Por enquanto vamos finalizar nosso mais recente acordo com eles, firmado no início deste ano. Nos próximos três anos estará finalizado o processo de substituição de nossos Fokkers por 15 aviões Embraer 175 e dois Embraer 190 que vão operar na Europa.


O Congresso brasileiro discute ampliar a participação de capital estrangeiro em companhias aéreas brasileiras. A KLM tem em seu radar algum interesse estratégico em aumentar investimentos no Brasil caso seja aprovada essa ampliação?

Nós temos um investimento estratégico com a GOL que fizemos um tempo atrás e nossa prioridade agora é fazer com que a cooperação comercial funcione ainda melhor do que está. Claro que sempre estamos atentos e em algum momento podemos avaliar a situação.


O que a KLM tem feito na questão ambiental?

Investimento como o feito nas aeronaves 787-900 estão entre as ações, já que aeronaves mais modernas consomem menos combustível e têm menor custo operacional. Este modelo da Boeing emite 20% menos CO2 que outras aeronaves.


No Brasil há pesquisas de biocombustível para aviação a partir do óleo da cana-de-açúcar, de soja e de eucalipto. Alguma intenção de participar dessas linhas de pesquisa?

Nós temos uma parceira holandesa, a SkyNRG, que faz pesquisas em biocombustível de alga e com quem trocamos experiências nesse sentido. Não temos previsão de outras parcerias nessa questão, mas claro, estamos sempre abertos para troca de informações sobre o tema.

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